quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

ILUMINAÇÃO DO ADVENTO - Parte I

Artigo de Tea Frigério

A palavra ADVENTO significa “dia da vinda”, deriva de uma antiga liturgia publica romana. Era usada na liturgia da cidade de Roma indicando o dia em que uma divindade se manifestava no templo a ela dedicado, visitando seus fieis no culto. O templo dedicado à divindade abria as porta, uma vez ao ano, no dia determinado pela visita do deus, da deusa. Esta linguagem pertencia também ao império romano e indicava o dia em que um novo imperador assumia o poder. Então a palavra ‘advento’ tinha um duplo sentido: religioso e político.
As Comunidades cristãs adotaram esta palavra para indicar o tempo litúrgico que preparava ao Natal. Podemos traduzir a palavra advento, com evento, espera, vinda, palavras que expressam uma tensão ansiosa de plena expectativa, abertura para acolher uma pessoa, uma proposta, um projeto, uma boa noticia.
Espera ansiosa da vinda do Senhor Jesus. Os primeiros cristãos expressavam estes sentimentos na invocação: “Maran atha”, que era uma antiga formula em aramaico. Esta invocação ressoava nas liturgias das primeiras comunidades cristas (1Cor 16,22; Fl 4,5; Tg 5,8; Ap 22,20). “O Senhor vem!” Invocação que expressava a certeza da sua vinda, que alimentava a esperança e sustentava no caminho. Mas… quando e como Jesus virá? Como  reconhecer a sua presença na comunidade? Estas interrogações permeavam a vida das primeiras comunidades. Interrogações que chegam até nós hoje e podemos entrever nas respostas que o tempo de advento nos  sugere.
O calendário litúrgico cada ano no mês de dezembro acolhe a tradição do Advento, tempo de preparação e espera do Natal.  O calendário litúrgico compete com o calendário da propaganda natalina, alias esta começa antes, com suas luzes brilhantes, suas promoções, o que se torna boa noticia? Os pisca, pisca da propaganda ou as mensagens que Palavra lida nos propõe?
Como ao tempo do império romano o político e religioso se mesclam e articulam como suporte ao sistema de dominação. O consumismo e o religioso ainda uma vez se articulam, adormecem as consciências que se deitam na falsa ilusão de um bem estar individual e de uma religiosidade superficial.
As primeiras comunidades cristãs proclamando come um refrão à invocação: “Maran atha” souberam encontrar o caminho para celebrar o mistério do Deus que vem ao encontro da humanidade, o mistério da presença do Reino de Deus em Jesus de Nazaré.

Maran atha” possa ser neste tempo de Advento a nossa invocação, que como um mantra repetimos para penetrar o mistério de Deus que assume a nossa humanidade para vir ao nosso encontro, nos visitar; penetrar o mistério da semente do Reino presente nas pequenas coisas do cotidiano, presente nos pequenos.

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