quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A quem queremos servir?




“Ninguém pode servir a dois senhores:
ou odiará a um e amará o outro,
ou se apegará a um e desprezará o outro.
Não podeis servir a Deus e ao dinheiro."

Mateus 6,24


Por Tea Frigério

A festa de Cristo rei conclui o ano litúrgico. Nesta semana que nos leva ao primeiro domingo de advento senti a necessidade de retomar a reflexão: a quem queremos servir? E assim retomei a reflexão feita sobre Mateus 6,24.
É importante fare alcune osservazioni iniziali: 1º Mateus 6,24 tem seu paralelo em Lucas 16,13. 2ºO texto original em grego não tem o vocábulo ‘dinheiro’, mas ‘Mamona’. Mamon, era o nome próprio de um dos deuses do Oriente Médio, precisamente da Síria. Representava o culto ao dinheiro como expressão de riqueza. Seu culto tinha como objetivo favorecer o enriquecimento de seus adoradores, a manutenção e reprodução do sistema comercial monetário. 3º Seu contexto literário é o Discurso da Montanha (Mt 5-7), marcado pela palavra justiça presente no Evangelho de Mateus 7 vezes (Mt 3,15; 5,5; 5,10; 5,20; 6,1; 6,33; 21,31). O paralelo em Lc 16,13 também é no contexto de justiça (ver Lc 16,1-33).Mateus e Lucas recordam às suas comunidades e a nós que estas palavras de Jesus só podem ser compreendidas num contexto de justiça. Jesus e as primeiras comunidades viviam numa realidade subordinada ao domínio do imperio romano. Manter os valores de sua tradição cultural era um desafio, pois forte era influência dos costumes propagados.Sociedade, baseada na relação: senhor – escravo, como estrutura produtiva econômica. Juntamente havia outra ainda mais abrangente, chamada relação clientelista: patrono – cliente; relação que mantinha dependência e cumplicidade social. Nesta estrutura o dinheiro era imprescindível: a riqueza era status. A força coercitiva do exército garantia o caráter centralizador da economia e do sistema jurídico de cobrança dos tributos.Jesus de Nazaré, pequeno artesão (Mc 3,6), viveu no mundo da Galileia, ligado à realidade camponesa, mas conhecia profundamente a relação senhor - escravo. Nas aldeias se vivia precariamente uma economia baseada na tradição bíblica tribal fundada na subsistência familiar e na autonomia produtiva. A dominação imperial e o perigo de se tornar escravos por dividas eram realidade cotidiana. Jesus ao falar de pobres – humilhados – que choram – tem fome e sede está retratando a realidade concreta que experimentou, assim como o fazem as comunidades de Mateus e Lucas.Que caminho Jesus e as comunidades de Mateus e Lucas apontam para uma economia marcada pelos ethos = ética que tenha Deus como Senhor e não Mamona?
Ser Misericordioso = coração voltado para os últimos, os míseros cuja vida é ameaçada (Ex 3,7-14; 34,6-7; Lc 4,17-21; Mt 8 e 9). Concretamente uma economia que coloca no centro a pessoa e não o lucro. Como nos apontam o texto Mt 20,1-15 e o texto de Lc 19,1-10.
Ter o coração puro = ter o mesmo olhar de Deus... não cobiçarás... dá-nos o pão de cada dia... (Ex 20,17; Mt 6,19 até 7,34). O salmista se interroga: “quem pode subir a montanha do Senhor e estar na sua presença?” Ele mesmo encontra a resposta: “quem tem coração puro, mãos inocentes e pratica ações de justiça” (Sl 24,3-6).
Promover a paz = plenitude de vida onde a paz e o direito se abraçam com a justiça (Sl 85,11-14). A paz cósmica de Deus na qual todas as coisas e as pessoas estão em relação de harmonia entre si e com o seu Criador. A paz deve acontecer na oikia (casa), na oikonomia (economia), na oikoumene (universal), na oikologia (universo). O shalom, a vida plena poderá acontecer quando a organização econômica tornará o universo casa onde todos os seres vivos possam ser acolhidos, viver em plenitude de vida.
Ser perseguido por causa da justiça = “Igreja, o que falas do teu futuro? Renunciarás aos meios de poder, as alianças com o poder político e econômico? Igreja abandonarás os privilégios, renunciarás a capitalizar? Igreja, vai te tornar comunidade universal de partilha e amizade para toda humanidade? Igreja, vai te tornar povo das bem-aventuranças sem outra segurança senão Cristo, povo pobre, contemplativo, criador de paz, portador de felicidade e de festa libertadora para humanidade, aceitando o risco de ser perseguida por causa da justiça”. (Frère Roger, abade de Taizé).



“Ninguém pode servir a dois senhores: ou odiará a um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro."

E nós a quem queremos servir? De quem queremos ser discípulos, discípulas?



Nenhum comentário:

Postar um comentário