Por Tea Frigerio
Maria, a mãe nos recorda que sem
gravidez não ha nascimento! Advento, Natal tempos litúrgicos à sombra de
gravidez, de nascimentos.
Os evangelhos da infância de
Mateus e Lucas são paginas de mulheres e crianças. É a grande novidade: nas
pequenas coisas, nos pequenos há o mistério da Boa Noticia.
Mulher e criança são o cotidiano,
nos relembram uma realidade ausente da economia, da política, da religião:
cueiros pra lavar, papas para preparar, joelhos machucados... a cotidianidade
monótona, mas é ai que é presente o mistério que nos faz borbulhar de alegria
(Lc 1,39-56).
Entrar na casa, saudar, abraçar.
Duas mulheres se encontram: uma anciã outra jovem. A mesma experiência: esperam
um filho em situação incomum. A anciã talvez precise de ajuda na casa a causa
de sua gravidez de risco. A jovem de ser acolhida, de conselhos, pois espera um
filho e não é casada, teve que sair às pressas de sua aldeia. O encontro não
precisa de palavras para expressar, as duvidas, temores, angústia, medo,
espera, esperança. A anciã acolhe, a jovem serve. Na casa o cotidiano da vida,
o inesperado da vida. É na cotidianidade da vida, que acontece o novo.
Bendita mãe, bendito filho. Bendizer,
bem-dizer, dizer-o-bem. Advento, se colocar a caminho para bem-dizer para as
pessoas, para sociedade, para o universo.
Maria è bendita porque carrega o
fruto bendito: dirá e fará o bem em sua vida. Dizer-o-bem da vida é dar à vida
um sentido novo, novo rumo. Às vezes
dizemos que vivemos um tempo maldito, in um mundo maldito. Mal-dizer é dizer e
fazer o mal. Uma vida que somente tem a dizer o mal, perdeu o sentido, o rumo,
a direção… Maria carrega o fruto bendito porque Jesus reorienta a vida, lhes dá
um novo sentido, uma nova direção.
Bendita, , bendito: a boa noticia
é presente na mulher, na criança. A mulher oferece seu ventre para engravidar a
vida, o cumprimento das promessas, a novidade de vida.
Bendita a casa que se faz ventre
e engravida a novidade da vida. Bendita aquela que acreditou! Benditas,
benditos aqueles e aquelas que acreditam que o impossível é possível!
Maria è bem-aventurada porque
acreditou. Crer é diferente de ter fé. Fé fala de ideias, doutrinas, dogmas.
Crer é um verbo é um agir. Crer que as mudanças estão acontecendo no cotidiano,
na escolha dos estilos de vida que podem transformar esta vida maldita em via
bendita.
Frente à realidade nos sentimos
imponente. Sentimo-nos pequenas, inúteis, assim como Maria e Isabel deviam se
sentir. Acreditaram que, delas mulheres a quem a sociedade não dava valor, em
seus filhos ainda para nascer que as promessas do Senhor teriam se cumprido. Tiveram
olhos para reconhecer na banalidade e monotonia cotidiana, em sua situação
inusitada, nos seus pequenos gestos de mulheres a presença do Senhor que
transformava sua vida, a vida do seu povo, a historia.
Na companhia destas três
personagens (profeta Isaías, precursor João Batista, Maria a mãe), vamos viver o
tempo de advento, mas vamos vive-lo também através de um sinal a Coroa do Advento,
tradição nascida no norte da Europa e que hoje se difundiu em outras partes do mundo.
Ela é formada por um circulo de galhos do pinheiro, decorado com fitas
vermelhas e símbolos natalinos onde estão inseridas quatro velas.
Cada símbolo nos fala:
O circulo fala da
circularidade da vida, do universo, da história, das relações na comunidade.
O verde recorda o
renovar-se constante da vida
As fitas vermelhas o amor
e a disponibilidade a recriar as relações humanas
As velas, a luz, Jesus luz
que ilumina a realidade humana.
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