segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Escolas Bíblicas se reúnem em Belém para refletir o Evangelho de Lucas

“Quero entoar um canto novo de alegria, ao raiar daquele dia de chegada ao nosso chão. Com meu povo celebrar a alvorada, minha gente libertada, lutar não foi em vão”.



Os desafios de romper o ciclo da má interpretação da Bíblia, dos preconceitos e desigualdades gerados pela mesma são hoje temas que tem repercussão entre as representações do CEBI.  Alguns movimentos, visíveis ou invisíveis, assinalam possibilidades de ação e mobilização diante da realidade expressa nos locais em que se encontram.
Embora ainda ocorram dificuldades de articulação, estas ações e mobilizações populares vêm construindo desenvolvimento, mudando padrões, aclarando mentalidades. As Escolas Bíblicas se tornam assim fontes responsáveis por espalhar sementes de conhecimento. Quando se encontram para compartilhar suas experiências, dão luz, cor e imagem aos episódios que vivenciaram ou desejam vivenciar. 
As Escolas Bíblicas do Estado do Pará vivem uma época madura, de abordagens profundas e colaborativas. Fortalecem a identidade e o papel das pessoas na sociedade como provocadoras e promotoras de mudança - de si mesmas e ao redor de si.
No encontro das Escolas Bíblicas 2013 (22/09) constatamos essas forças impulsionadoras de mudanças nos quatro cantos da região Metropolitana de Belém. As experiências relatadas nos demonstram que as ações do CEBI não dependem apenas de um processo formativo teórico, mas, sobretudo de ações emancipatórias onde os aprendizados sejam colocados na prática da vida e se tornem parte da essência do ser Cristão.
Estavam presentes as Escolas Capela de Lurdes, Cabanagem, Grupo de Mulheres da Casa Trapiche, Cidade Velha, Escola Salesiana do Trabalho, Escola Bíblica Coração Eucarístico de Jesus, Paróquia de Nª Sª Aparecida e representantes das Escolas do Distrito de Icoaraci. Todas estas pessoas foram divididas em três grupos que refletiram as seguintes passagens: Grupo 1 - Lc 15, 1- 7 – Ovelha perdida / Grupo 2 – Lc 15, 8-10 – A moeda perdida / Grupo 3 – Lc 15, 11-32 – O filho pródigo. Cada grupo dramatizou uma situação do cotidiano parecida com o tema discutido.
O encontrão 2013 foi uma visita nas alegrias vivenciadas no decorrer dos últimos meses, das tristezas e perdas que as Escolas tiveram e principalmente um apanhado sobre as luzes motivadoras desta caminhada. 
Os principais pontos positivos e negativos apontados pelos grupos foram: Perseverança, crises nos grupos, diversidade na dificuldade, encontro nas casas, desarticulação entre as Igrejas e o CEBI, conhecimento da realidade, estudos do Evangelho de Lucas, reencontros, novas amizades, a presença do CEBI em todas as Paróquias, atuação conjunta dos grupos, falta de compromisso de algumas pessoas, a presença ativa dos jovens, novas coordenações, a descentralização das Escolas na área do bairro da Pedreira, a garimpagem do povo de Deus no bairro da Cabanagem, o aumento da motivação e da alegria de estudar a Bíblia, a perseverança da Escola Coração Eucarístico de Jesus que mesmo sem espaço para realizar encontros não deixou de atuar na casa das pessoas, além da interação entre Escolas de diferentes lugares.
O encontro foi concluído com a partilha do mel – simbologia para tornar a vida mais suave e doce. Pão e vinho também foram partilhados como nobre gesto de confraternização.
Apesar das dificuldades e dos inúmeros desafios, a partilha de experiências deixou um ar de esperança nos corações. Não há dúvidas de que o CEBI Pará espreita um momento novo.

Veja as fotos do Encontro AQUI!

O Encontro das Escolas Bíblicas 2013 teve como tema “O Discipulado Missionário a partir do Evangelho de Lucas” e aconteceu no Centro Social da Paróquia Santa Edwiges. Conjunto Panorama XXI – Belém – PA. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

“Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido”

Estamos em setembro, e no Brasil já é uma tradição que este mês seja lembrado como o “Mês da Bíblia”. Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil como o mês da Bíblia, em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30.
São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura. Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa popular e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias. 

Ao celebrar o mês da Bíblia, somos convidados(as) a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus e a fazer dela, cada dia, uma leitura meditada, rezada e consciente.
Este ano O lema do mês da Bíblia é: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido” (Lc 15). O Evangelho segundo Lucas sob o prisma do discipulado-missionário, conforme o enfoque do Projeto de Evangelização: O Brasil na missão Continental, é o tema do mês da Bíblia de 2013. O tema escolhido releva o Evangelho do Ano Litúrgico C, e os cinco aspectos fundamentais do processo do discipulado: o encontro com Jesus Cristo, a conversão, o seguimento, a comunhão fraterna e a missão propriamente dita.

Por isto o CEBI Pará disponibiliza um subsídio preparado pela Biblista Tea Frigerio que serve como bússola para quem desejar aprofundar a reflexão sobre o Evangelho de Lucas.

Para baixar o subsidio basta clicar em download : 



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Os Evangelhos: estas mulheres!

O nosso fiel colaborador Ângelo Paganelli relata no texto abaixo como se deu mais um curso do CEBI Pará na cidade de Abaetetuba. Desta vez o encontro teve a presença ilustre de nossa secretária Celina Pereira e parece ter sido muito desafiador. Confira! 

Texto e Imagens por Ângelo Paganelli

O curso parecia se encaminhar para uma conclusão feliz e serena, dentro da normalidade, com a Celina conduzindo os trabalhos, analisando e comentando as contribuições dos GTs, quando, quase de repente e com certo ar de curiosidade inquieta, uma das presentes – pois, a maioria eram mulheres donas de casa, catequistas e outras dedicadas nas atividades das pastorais das paróquias - perguntou porque Jesus só escolheu homens como discípulos e apóstolos e não quebrou de vez, Ele que era o Filho de Deus, o ‘machismo cultural’ da época, que relegava as mulheres a um papel mais do que discreto ao seu séquito. 

Começou, assim, uma troca e retruca de perguntas e observações para identificar e comentar o papel das mulheres nos Evangelhos. A coisa pegou fogo e a ‘mulherada’ passou daquela postura de pacata ‘escuta’ das colocações da assessora a intérpretes curiosas e cheias de interesse por descobrir a importância da atuação das ‘colegas de gênero’ acompanhando, encontrando ou procurando por Jesus nos caminhos da Palestina.
Daí em diante o curso virou outro... passou a se caracterizar por uma ansiosa procura das mulheres que estiveram com Jesus e por uma série de desafiantes comentários sócio-teológicos de presença ‘delas’ na história da salvação:
1. a MATERNIDADE de Maria: destaca a vontade de Javé de se encarnar e de ser homem de verdade!
2. a iniciativa de MARIA em CANÁ: mostra a tempestividade desta mulher-mãe diante das necessidades de família e dos recém casados provocando Jesus a se posicionar e realizar o ‘primeiro’ de seus sinais messiânicos;
3. a SOGRA curada: exemplo de mulher sempre disposta a ‘servir’ o pessoal de casa, amigos e vizinhos;
4. a mulher que grita ELOGIOS para a ‘mãe’: Jesus aproveita o recado dela para elogiar a ‘mãe Maria’, a primeira mulher ‘serva fiel’ da palavra de Javé em situação de escândalo social;
5. a SAMARITANA: estrangeira, pagã e filha de povo ‘impuro’ provoca Jesus a afirmar e reconhecer que Javé não está em Templos feitos de mão humana, mas que tem que ser adorado em ‘espírito e verdade’;
6. a HEMORROÍSSA: exemplo de fé ‘anônima’, de cega e absoluta confiança interior e sem exterioridades;
7. a SÍRIO-FENÍCIA: aparenta ‘um puxão de orelha’ a Jesus arrancando dele a admiração pela fé dos ‘pagãos’, afirmando que como os ‘cachorrinhos’ têm direito às migalhas, que caem da mesa dos filhos do dono de casa, a missão dele também não é restrita aos filhos de Israel, mas é a salvação universal, para todos;
8. a ‘PROSTITUTA’: vitima do machismo dos homens, que provoca Jesus a desmascarar as desordens sociais, a exploração sexual e a discriminação de gênero;
9. a MARIA DE ‘MÁGDALA’ (que não era prostituta, nem Jesus tinha tirado delas 7 demônios, mas que era uma das mais fieis ao Mestre em sua caminhada) é a primeira que vê, acredita e sabe da ressurreição; reconhece o Ressuscitado e assume o papel de ‘anunciá-Lo’ aos Apóstolos e discípulos, enquanto estes estavam ainda atrancados por medo no cenáculo;
10. as ‘MULHERES’ que O seguiam desde Galileia: são exemplo de compromisso e fidelidade no ‘seguimento, no serviço por amor e na coragem destemida de subir até Jerusalém e a cruz! 
Após isso, até os homens presentes ficamos felizes por ter finalizado o 3º Encontro bíblico descobrindo o que, individualmente, de jeito nenhum, teríamos compreendido e convencido que “onde dois ou três estão reunidos (em comunidade) no meu nome”, Ele estará aí com a força do seu Espírito para fortalecer a caminhada, iluminar os passos e anunciar a todos que Deus é Pai e que nos ama imensamente.

Obrigado, Mulheres de ontem e de hoje, de Galileia, de Abaeté e do Pará!

sábado, 14 de setembro de 2013

LUCAS 1-2 - Mais uma vitória do Espírito Santo

Por  Ângelo Paganelli

Enquanto me preparava para o segundo encontro sobre o evangelho de Lucas, percebi que tinha alguma coisa muito nova, em mim, na abordagem dos capítulos 1-2.
Como ‘novato’ nos estudos da Bíblia, adorei encontrar uma dimensão catequética bem ‘vivencial’ nas palavras de Lc destacada no texto do CEBI, que utilizo para me preparar. Na verdade, eu pensava de conhecer bem os textos ou, pelo menos, com certa propriedade, pelo fato de lê-los desde a minha adolescência e vê-los representados nos ‘presépios’ de todos os Natais desde a minha infância. 

Mas, fiquei feliz por aprender coisas novas, porque tem certo gostinho (‘cínico’ consigo mesmo) ao se sentir ‘desmentir’, sobretudo quando isso expressa um ‘avanço’ de conhecimento e oportuniza uma melhoria no desempenho e nas conversas com os participantes dos encontros bíblicos. Aliás, todo mundo já passou pela ‘satisfação’ de se superar!
Bom! Já sabia que Lc, no seu 1º livro - redigido depois de acurada pesquisa e seleção de material colhido entre as Comunidades das origens - fez questão de destacar os pequenos, os pobres e os simples. Mas, no meu subconsciente cerebral, isso seria somente uma postura teórica de intelectual ‘popular’. 

Ontem à noite, com o grupo dos encontros bíblicos do Algodoal, ao ver o número dos participantes meio reduzido (muitos ainda ‘metidos’ nas novenas de setembro), aproveitei para puxar o ‘plano ‘C’ de minha metodologia didática de apresentação dos temas bíblicos. Pois, o sofisticado e tecnológico Plano ‘A’ (com notebook e data-show) e o ‘Plano ‘B’ (com Grupos de Estudo)... Fracassaram. Só ficou o Plano ‘C’ reduzido ao essencial: os ‘Ouvintes’ da Palavra e o ‘Texto’ da Bíblia!

E lá vai eu, com voz meio disfarçada de entusiasmo, convidando ‘solenemente’ o pessoal a abrir o texto bíblico para ler o 1º capítulo de Lc. Surpresa! Metade dos presentes conseguiu rápido e metade demorou pra caramba para encontrar o evangelho de Lucas!
Após o indisfarçável embaraço do ‘vira folha de um lado e do outro’ até encontrar a página certa, ao iniciar a leitura dos versículos 1-4, percebi no ar e nos corações um entusiasmo diferente: era maior do que o prestado quando das minhas apresentações ‘informatizadas’ e dos GTs ‘com reflexões socializadas’. Pois é! É mesmo! Agora entendo! Por que isso, então? Por que aquilo? E a conversa sobre Lucas foi animada entre eles.
Simples: desta vez a ‘Palavra’ e o Espírito Santo mexeram muito mais nos presentes do que as palavras do ‘prof.’ e as imagens coloridas com as ‘animações’ do Power Point.
Será que o Espírito Santo decidiu ‘soprar’ diretamente no coração e na cabeça do ‘pessoal’ feliz da vida de ler e ser ajudado a entender passo a passo - sem sermões nem longas explicações técnica e teológicas – a mensagem da ‘Boa Notícia’?


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Convidar para espiar...Lucas 14,1.7-14

Por Tea Frigerio
 
Parece que os convites que Jesus recebe para tomar refeição sempre têm uma intenção e que nem sempre é por amizade. Neste texto, a intenção é evidente: querem espiá-lo.
 
A intenção de vigiá-lo, talvez seja por sua liberdade frente à lei, questionando profundamente o legalismo farisaico. Assim fora na casa do fariseu Simão (Lucas 7,36ss) e na casa de outro fariseu, quando se sentou à mesa sem antes lavar as mãos (Lucas 11,37ss). Na primeira vez, ele comparou o fariseu com a pecadora, e o fariseu saiu perdendo. Parece que Simão não sabia amar com a mesma intensidade daquela mulher. A outra vez, vendo o olhar espantado do fariseu, provocou uma discussão danada sobre a hipocrisia com que era praticada a lei. Referindo-se a fariseus, Jesus até usou esta expressão: "sois túmulos disfarçados, sobre os quais se pode transitar, sem o saber!" Será que, ao escutar por cinco vezes "ai de vós", a comida ainda continuou a descer saborosa por seu esôfago, ou ficou presa na garganta?
Diante disso, pergunto-me: por que o convidavam? Por que o Evangelho de Lucas faz tanta questão de apresentar-nos Jesus aceitando convites para comer?
No Primeiro Testamento, o banquete é sinal de que os tempos messiânicos do Reinado de Deus teriam chegado. Assim escreve o profeta Isaías: "Iahweh dos Exércitos prepara, sobre esta montanha, um banquete para todos os povos..." (Isaías 25,6). 
Talvez seja a partir desta memória profética que o Jesus das comunidades lucanas esteja sempre a caminho, entrando nas casas, sentando à mesa para refeições. Assim, estas comunidades guardam-nos seu projeto de discipulado: o Caminho de Jesus é o Caminho da comunidade. A Casa é a comunidade que vai se formando ao longo do caminho. A Mesa torna-se o lugar para apreender e viver a proposta de relações novas com Jesus.
 
A mesa nos ensina a superar a ambição pelo primeiro lugar 
(Lucas 14,7-11)
Antes de continuar minha reflexão, convido você a fazer um exercício. Visualize, em sua memória, os banquetes das comemorações de sua cidade, de sua comunidade, de suas festas, de suas quermesses. A quem é enviado o convite para participar do banquete? Quem senta à mesa? Qual a lógica da organização das mesas? Em qual das mesas há lugares com nome reservado? Quem cozinha? Quem serve à mesa? Quem fica espiando pela janela ou com disfarce em meio aos convidados para o banquete? Você mesmo poderá se fazer outras perguntas...
 
 
Agora, continuando nossa reflexão, voltamos à mesa onde Jesus está sentado e o escutamos contar uma parábola: "quando alguém te convidar não sente no primeiro lugar..." (Lucas 14,8). Parece que Jesus está continuando uma conversa que já havia começado, sentado à outra mesa: "ai de vós, fariseus, que apreciais o primeiro lugar nas sinagogas e as saudações nas praças públicas ..." (Lucas 11,43).
Jesus nos convida a não buscar lugares de honra, a não entrar no jogo da competição. É que essa atitude revela o desejo de ser mais, de exercer o poder do privilégio sobre outras pessoas. A competição gera divisões, ciúmes, invejas. Ao contrário, faz parte do seu projeto do Reino quem viver como irmã e como irmão, em relações de parceria.
 
A mesa nos ensina a gratuidade da solidariedade (Lucas 14,12-14)
E, depois, Jesus se dirige diretamente para quem o convidara: "ao dares um almoço, não convides teus amigos... Antes, convida os pobres que não têm como te recompensar..." (cf. Lucas 14,12-14).
Esta narrativa de Lucas leva-me a recordar o que escutei num encontro bíblico:fizemos da casa uma igreja; fizemos da mesa um altar; fizemos da partilha um sacrifício; fizemos de Jesus um sacerdote. Ao lembrar-me desta reflexão, vem-me este pensar: a Boa Notícia da inclusão tornou-se má notícia da exclusão.
Mais uma vez, convido você a visualizar cenas de sua vida em que a lei e a tradição, a moral e a teologia geraram exclusão do banquete, impediram de sentar-se à mesa.
"O amor é benigno, o amor não procura os próprios interesses, não se orgulha, não se alegra com a injustiça..." (1Coríntios 13,4-7). O amor é gratuito.
Por que convidar Jesus para uma refeição? Para espiar ou apreender a incluir?
A mesa é o lugar onde é colocada em cheque a nossa fidelidade ao caminho do discipulado. A mesa é o lugar que denuncia as estruturas excludentes da casa-comunidade-igreja. A mesa nos desafia a retomar e a praticar as palavras do Cântico de Maria (Lucas 1,46-55), bem como as palavras que Jesus proclamou na sinagoga de Nazaré (Lucas 4,18-19).
Caminho, Casa, Mesa de Jesus... Ainda hoje, o Caminho, a Casa e a Mesa continuam nos desafiando para fazer acontecer o Banquete do Reino...

 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Pelos Caminhos da Samaria (Lc 9,51-19,28)

O assessor do CEBI Ângelo Paganelli nos conta sua experiência do último final de semana no 3ª Encontro de Formação Bíblica nas Ilhas, em Abaetetuba - Pará. Este relato de linguagem simples nos proporciona compreender como acontece a preparação de um encontro de formação e como sua execução pode ser um evento de relevante para as comunidades.  
 
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Texto e imagem por Ângelo Paganelli

Abri mão da participação do Círio de Nazaré (paróquia de Abaetetuba) para dar continuidade aos Encontros de formação bíblica (o 3º) com as lideranças da paróquia ‘Rainha da Paz’, das ilhas. Nem todo mundo pôde vir.  Faltaram alguns que ficaram com a responsabilidade de dar continuidade ao processo de organização da Festividade do Padroeira/o das respectivas capelas da CEB local... Pois é, este também é um serviço à Comunidade, que os mais engajados têm que assumir para animar e marcar a vida, a presença e o testemunho de fé para a população local.
Como as outras vezes, ao entrar no salão senti um escalafrio ‘psicológico’ me pegar e uma inquieta situação de insegurança me mexer por dentro ao perceber que “os olhos dos presentes estavam sobre mim”... com aquela confiante esperança de escutar do ‘irmão + velho’ aquela palavra de maior conhecimento das coisas da fé e de esclarecimento dos desafios da vida. E assim, acreditando que o Espírito faz a parte dele, puxei as primeiras palavras e considerações para ‘quebrar o gelo’ (que derreteu facilmente) desejando a todo mundo as boas vindas e o convite a dar continuidade ao estudo de Lucas.
Seguindo as linhas de aprofundamento propostas por Vasconcellos (do volume: ‘A Boa Notícia segundo a Comunidade de Lucas’, coleção ‘A Palavra na Vida’, n° 123/124, Ed CEBI. 2006: infelizmente esgotado!!!), resgatei: as opções sócio-teológicas pelos últimos (1,5-2,52); a preparação para a missão messiânica (3,1-4,13); o ministério em Galileia (4,14-9,50), dos encontros anteriores, e passei à apresentação da IV parte: ‘...pelos Caminhos da Samaria’ (Lc 9,51-19,28).
Para abordar esta parte, que alguns biblistas consideram o ‘eixo’ da proposta do ‘Jesus das Comunidades de Lc’ por todo tipo de ‘excluídos’ (pobres, últimos, pecadores, doentes, ‘perdidos’, etc...: cf. cap 15), elaborei com antecedência uma apostila de 04 páginas. Mas, na véspera, ao perceber que na minha cabeça a ‘coisa’ não estava bem definida, decidi elaborar outro subsídio (em tabela word em 4 colunas: Texto, Fato, Contexto, OBS.), que me custou  varar a madrugada do sábado 31/08 (1º dia do curso) com o risco de me apresentar com atraso ou meio caindo de sono. Mas nada disso aconteceu. Aliás, o novo subsídio, mesmo que meio complicado, ajudou na caminhada.
A viagem pela Samaria passou de uma mera ‘passagem’ geográfica, para uma ‘firme decisão’ de seguir o caminho para Jerusalém. O inicial impacto da inevitável ‘rejeição social’ dos Samaritanos, foi superado com o envio de 72 discípulos para ‘todos’ os povoados onde Jesus passaria.
A redação de Lc, fundamentada em material ‘próprio’ (nem Mc nem Mt) se desenvolve em 04 ETAPAS:
I - o início do caminho (chamado, seguimento e suas exigências: 9,51-10,37);
II - os ‘novos’ valores e desafios do seguimento (10,38-13,21);
III – o Reino é dos Pobres (13,22-14,24);
IV – Opção pelos últimos (14,25-17,10);
V – Partilha e Solidariedade (17,11-19,28).
Os TEMAS em destaque são:
  1. o Envio (10,1-24);
  2. os Valores do Reino (10,35-15,32);
  3. a Opção ‘radical’ de Jesus pelos excluídos (= 02 samaritanos são colocados como ‘ideal’ de vida: o dito’ bom’ - 10,25-37 - que cuida da vítima dos ladrões do caminho Jericó-Jerusalém/Templo; e o único dos 10 leprosos, que volta para agradecer, 17,11-19);
  4. a obrigação de atender a pobres (juiz x viúva: 18,1-14) e ‘pequenos’ (crianças: 18,15-17);
  5. a insuficiência da simples observância da Lei (jovem rico: lhe falta alguma coisa...: 18,18-25);
  6. a recompensa para quantos deixarem tudo pelo Reino (a vida eterna: 18,26-30);
  7. a dureza do seguimento (o caminho do ‘servo sofredor’: 18,31-14);
  8. o compromisso de ver com os ‘olhos da fé’ (= cura do cego de Jericó: 18,35-43:  escuta o barulho; pergunta; clama; acredita: responde com fé a Jesus que lhe pergunta o que quer; é curado e... decide segui-Lo no caminho de Jerusalém).
Tudo isso ocupou o sábado (manhã/tarde). Para a manhã de domingo, que iniciou com a celebração Eucarística, tive que pensar numa dinâmica de participação mais marcante. Por isso, depois do café, articulamos 06 GTs (de 08) para detalhar e refletir sobre o jeito de Jesus com quantos correm ao seu encontro (Trabalho = 1. Identificar Homens/Mulheres que procuram Jesus; 2. Escolher 01 encontro destacando: quem é - a sua condição - o que procura de Jesus - a interação com Jesus - a mensagem: ontem e hoje).
A dinâmica permitiu aprofundar e identificar as características do ‘encontro’ dos próprios participantes com o ‘jeito de Jesus’ olhar, falar, ajudar e interagir. Na socialização do estudo, deu para perceber claramente a alegria por descobrir que Jesus não faz milagres para ganhar IBOPE, mas por amor, para ‘conquistar e cativar’ cada um/a à vida nova como ‘discípulo/missionário’ e Filho/a do Pai.
Nos dias 9-10/11, voltaremos a nos encontrar para aprofundar a chegada de Jesus a Jerusalém, centro do poder e dos poderosos; as controvérsias e a sua rejeição radical. Até lá!