segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Pelos Caminhos da Samaria (Lc 9,51-19,28)

O assessor do CEBI Ângelo Paganelli nos conta sua experiência do último final de semana no 3ª Encontro de Formação Bíblica nas Ilhas, em Abaetetuba - Pará. Este relato de linguagem simples nos proporciona compreender como acontece a preparação de um encontro de formação e como sua execução pode ser um evento de relevante para as comunidades.  
 
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Texto e imagem por Ângelo Paganelli

Abri mão da participação do Círio de Nazaré (paróquia de Abaetetuba) para dar continuidade aos Encontros de formação bíblica (o 3º) com as lideranças da paróquia ‘Rainha da Paz’, das ilhas. Nem todo mundo pôde vir.  Faltaram alguns que ficaram com a responsabilidade de dar continuidade ao processo de organização da Festividade do Padroeira/o das respectivas capelas da CEB local... Pois é, este também é um serviço à Comunidade, que os mais engajados têm que assumir para animar e marcar a vida, a presença e o testemunho de fé para a população local.
Como as outras vezes, ao entrar no salão senti um escalafrio ‘psicológico’ me pegar e uma inquieta situação de insegurança me mexer por dentro ao perceber que “os olhos dos presentes estavam sobre mim”... com aquela confiante esperança de escutar do ‘irmão + velho’ aquela palavra de maior conhecimento das coisas da fé e de esclarecimento dos desafios da vida. E assim, acreditando que o Espírito faz a parte dele, puxei as primeiras palavras e considerações para ‘quebrar o gelo’ (que derreteu facilmente) desejando a todo mundo as boas vindas e o convite a dar continuidade ao estudo de Lucas.
Seguindo as linhas de aprofundamento propostas por Vasconcellos (do volume: ‘A Boa Notícia segundo a Comunidade de Lucas’, coleção ‘A Palavra na Vida’, n° 123/124, Ed CEBI. 2006: infelizmente esgotado!!!), resgatei: as opções sócio-teológicas pelos últimos (1,5-2,52); a preparação para a missão messiânica (3,1-4,13); o ministério em Galileia (4,14-9,50), dos encontros anteriores, e passei à apresentação da IV parte: ‘...pelos Caminhos da Samaria’ (Lc 9,51-19,28).
Para abordar esta parte, que alguns biblistas consideram o ‘eixo’ da proposta do ‘Jesus das Comunidades de Lc’ por todo tipo de ‘excluídos’ (pobres, últimos, pecadores, doentes, ‘perdidos’, etc...: cf. cap 15), elaborei com antecedência uma apostila de 04 páginas. Mas, na véspera, ao perceber que na minha cabeça a ‘coisa’ não estava bem definida, decidi elaborar outro subsídio (em tabela word em 4 colunas: Texto, Fato, Contexto, OBS.), que me custou  varar a madrugada do sábado 31/08 (1º dia do curso) com o risco de me apresentar com atraso ou meio caindo de sono. Mas nada disso aconteceu. Aliás, o novo subsídio, mesmo que meio complicado, ajudou na caminhada.
A viagem pela Samaria passou de uma mera ‘passagem’ geográfica, para uma ‘firme decisão’ de seguir o caminho para Jerusalém. O inicial impacto da inevitável ‘rejeição social’ dos Samaritanos, foi superado com o envio de 72 discípulos para ‘todos’ os povoados onde Jesus passaria.
A redação de Lc, fundamentada em material ‘próprio’ (nem Mc nem Mt) se desenvolve em 04 ETAPAS:
I - o início do caminho (chamado, seguimento e suas exigências: 9,51-10,37);
II - os ‘novos’ valores e desafios do seguimento (10,38-13,21);
III – o Reino é dos Pobres (13,22-14,24);
IV – Opção pelos últimos (14,25-17,10);
V – Partilha e Solidariedade (17,11-19,28).
Os TEMAS em destaque são:
  1. o Envio (10,1-24);
  2. os Valores do Reino (10,35-15,32);
  3. a Opção ‘radical’ de Jesus pelos excluídos (= 02 samaritanos são colocados como ‘ideal’ de vida: o dito’ bom’ - 10,25-37 - que cuida da vítima dos ladrões do caminho Jericó-Jerusalém/Templo; e o único dos 10 leprosos, que volta para agradecer, 17,11-19);
  4. a obrigação de atender a pobres (juiz x viúva: 18,1-14) e ‘pequenos’ (crianças: 18,15-17);
  5. a insuficiência da simples observância da Lei (jovem rico: lhe falta alguma coisa...: 18,18-25);
  6. a recompensa para quantos deixarem tudo pelo Reino (a vida eterna: 18,26-30);
  7. a dureza do seguimento (o caminho do ‘servo sofredor’: 18,31-14);
  8. o compromisso de ver com os ‘olhos da fé’ (= cura do cego de Jericó: 18,35-43:  escuta o barulho; pergunta; clama; acredita: responde com fé a Jesus que lhe pergunta o que quer; é curado e... decide segui-Lo no caminho de Jerusalém).
Tudo isso ocupou o sábado (manhã/tarde). Para a manhã de domingo, que iniciou com a celebração Eucarística, tive que pensar numa dinâmica de participação mais marcante. Por isso, depois do café, articulamos 06 GTs (de 08) para detalhar e refletir sobre o jeito de Jesus com quantos correm ao seu encontro (Trabalho = 1. Identificar Homens/Mulheres que procuram Jesus; 2. Escolher 01 encontro destacando: quem é - a sua condição - o que procura de Jesus - a interação com Jesus - a mensagem: ontem e hoje).
A dinâmica permitiu aprofundar e identificar as características do ‘encontro’ dos próprios participantes com o ‘jeito de Jesus’ olhar, falar, ajudar e interagir. Na socialização do estudo, deu para perceber claramente a alegria por descobrir que Jesus não faz milagres para ganhar IBOPE, mas por amor, para ‘conquistar e cativar’ cada um/a à vida nova como ‘discípulo/missionário’ e Filho/a do Pai.
Nos dias 9-10/11, voltaremos a nos encontrar para aprofundar a chegada de Jesus a Jerusalém, centro do poder e dos poderosos; as controvérsias e a sua rejeição radical. Até lá!

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