O assessor do CEBI Ângelo Paganelli nos conta sua experiência do último final de semana no 3ª Encontro de Formação Bíblica nas Ilhas, em Abaetetuba - Pará. Este relato de linguagem simples nos proporciona compreender como acontece a preparação de um encontro de formação e como sua execução pode ser um evento de relevante para as comunidades. .
Texto
e imagem por Ângelo Paganelli
Abri mão da participação do Círio
de Nazaré (paróquia de Abaetetuba) para dar continuidade aos Encontros de
formação bíblica (o 3º) com as lideranças da paróquia ‘Rainha da Paz’, das
ilhas. Nem todo mundo pôde vir. Faltaram
alguns que ficaram com a responsabilidade de dar continuidade ao processo de
organização da Festividade do Padroeira/o das respectivas capelas da CEB
local... Pois é, este também é um serviço à Comunidade, que os mais engajados
têm que assumir para animar e marcar a vida, a presença e o testemunho de fé
para a população local.
Como as outras vezes, ao entrar
no salão senti um escalafrio ‘psicológico’ me pegar e uma inquieta situação de
insegurança me mexer por dentro ao perceber que “os olhos dos presentes estavam
sobre mim”... com aquela confiante esperança de escutar do ‘irmão + velho’
aquela palavra de maior conhecimento das coisas da fé e de esclarecimento dos
desafios da vida. E assim, acreditando que o Espírito faz a parte dele, puxei
as primeiras palavras e considerações para ‘quebrar o gelo’ (que derreteu
facilmente) desejando a todo mundo as boas vindas e o convite a dar
continuidade ao estudo de Lucas.
Seguindo as linhas de
aprofundamento propostas por Vasconcellos (do volume: ‘A Boa Notícia segundo
a Comunidade de Lucas’, coleção ‘A Palavra na Vida’, n° 123/124, Ed CEBI. 2006:
infelizmente esgotado!!!), resgatei: as opções sócio-teológicas
pelos últimos (1,5-2,52); a preparação para a missão messiânica (3,1-4,13); o
ministério em Galileia (4,14-9,50), dos encontros anteriores, e passei à
apresentação da IV parte: ‘...pelos
Caminhos da Samaria’ (Lc 9,51-19,28).
Para abordar
esta parte, que alguns biblistas consideram o ‘eixo’ da proposta do ‘Jesus das
Comunidades de Lc’ por todo tipo de ‘excluídos’ (pobres, últimos, pecadores,
doentes, ‘perdidos’, etc...: cf. cap 15), elaborei com antecedência uma
apostila de 04 páginas. Mas, na véspera, ao perceber que na minha cabeça a
‘coisa’ não estava bem definida, decidi elaborar outro subsídio (em tabela word
em 4 colunas: Texto, Fato, Contexto, OBS.), que me custou varar a madrugada do sábado 31/08 (1º dia do
curso) com o risco de me apresentar com atraso ou meio caindo de sono. Mas nada
disso aconteceu. Aliás, o novo subsídio, mesmo que meio complicado, ajudou na
caminhada.
A viagem pela
Samaria passou de uma mera ‘passagem’ geográfica, para uma ‘firme decisão’ de
seguir o caminho para Jerusalém. O inicial impacto da inevitável ‘rejeição
social’ dos Samaritanos, foi superado com o envio de 72 discípulos para ‘todos’
os povoados onde Jesus passaria.
A redação de Lc, fundamentada em
material ‘próprio’ (nem Mc nem Mt) se
desenvolve em 04 ETAPAS:
I - o início do caminho (chamado,
seguimento e suas exigências: 9,51-10,37);
II - os ‘novos’ valores e desafios
do seguimento (10,38-13,21);
III – o Reino é dos Pobres
(13,22-14,24);
IV – Opção pelos últimos
(14,25-17,10);
V – Partilha e Solidariedade
(17,11-19,28).
Os TEMAS em destaque são:
- o Envio (10,1-24);
- os Valores do Reino
(10,35-15,32);
- a Opção ‘radical’ de Jesus
pelos excluídos (= 02 samaritanos são
colocados como ‘ideal’ de vida: o dito’ bom’ - 10,25-37 - que cuida da
vítima dos ladrões do caminho Jericó-Jerusalém/Templo; e o único dos 10
leprosos, que volta para agradecer, 17,11-19);
- a obrigação de atender a
pobres (juiz x viúva: 18,1-14) e ‘pequenos’
(crianças: 18,15-17);
- a insuficiência da simples
observância da Lei (jovem rico: lhe falta
alguma coisa...: 18,18-25);
- a recompensa para quantos
deixarem tudo pelo Reino (a vida eterna: 18,26-30);
- a dureza do seguimento (o caminho do ‘servo sofredor’: 18,31-14);
- o compromisso de ver com
os ‘olhos da fé’ (= cura do cego de
Jericó: 18,35-43: escuta o barulho;
pergunta; clama; acredita: responde com fé a Jesus que lhe pergunta o que
quer; é curado e... decide segui-Lo no caminho de Jerusalém).
Tudo isso
ocupou o sábado (manhã/tarde). Para a manhã de
domingo, que iniciou com a celebração Eucarística, tive que pensar numa
dinâmica de participação mais marcante. Por isso, depois do café, articulamos
06 GTs (de 08) para detalhar e refletir sobre o jeito de Jesus com quantos correm
ao seu encontro (Trabalho = 1. Identificar Homens/Mulheres que procuram Jesus; 2. Escolher 01
encontro destacando: quem é - a sua condição - o que procura de Jesus - a
interação com Jesus - a mensagem: ontem e hoje).
A dinâmica permitiu aprofundar e
identificar as características do ‘encontro’ dos próprios participantes com o
‘jeito de Jesus’ olhar, falar, ajudar e interagir. Na socialização do estudo, deu
para perceber claramente a alegria por descobrir que Jesus não faz milagres
para ganhar IBOPE, mas por amor, para ‘conquistar e cativar’ cada um/a à vida
nova como ‘discípulo/missionário’ e Filho/a do Pai.
Nos dias 9-10/11, voltaremos a
nos encontrar para aprofundar a chegada de Jesus a Jerusalém, centro do poder e
dos poderosos; as controvérsias e a sua rejeição radical. Até lá!
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