Por Tea Frigerio
Olhares
que se encontram. Olhares que marcam e transformam a vida. Assim foi para
Moises, assim foi para André, João e Natanael. Ver, conhecer, seguir, assumir a
missão.
O verbo ver marca o processo
de maturação de Moisés (Ex 2,11.12.13.15). Criado na corte tem o olhar cego à
semelhança do Faraó. Necessita sair da corte e conhecer o destino de seus
irmãos, como mais tarde Elias, sob o olhar do Senhor saiu da corte para
tornar-se profeta. Sair da corte e ir ao meio do povo: ver e conhecer. O que vê? Vê uma vida que deveria ser bonita, mas é
embrutecida pela ambição cega do poder.
Olhar necessita purificar-se para passar ao ver, conhecer para
mover-se a compaixão.
“... Conduzia as ovelhas para
além do deserto e chegou ao Horeb, a montanha de Deus. O Anjo de Iahweh lhe apareceu numa chama de fogo... Moisés olhou... darei uma volta, verei
este fenômeno... Viu Iahweh que ele deu
meia volta para ver. E Deus o chamou do meio da sarça. Disse: ‘Moisés,
Moisés.’ Este respondeu: ‘Eis-me aqui.’ ... Moisés cobriu o rosto, porque temia
o olhar de Deus” (Ex 3,1-6).
Olhos de visão, de querer ver mais, de querer conhecer. Visão que
desinstala, que faz sair da rotina, do caminho traçado e conhecido, que
desperta a curiosidade, que leva à montanha sagrada, que acorda a memória
histórica, que reencontra o Deus dos antepassados.
Olhos que aprendem a ver e contemplar o mistério da vida. Olhos
purificados na contemplação do fogo que arde, mas não consome e no amor encontrar
a força de libertar-se para assumir a missão de libertar.
Olhares que se encontram e preparam Moisés a olhar a sarça que arde,
mas não se consome. O fogo de Deus purifica os olhos de Moisés dando-lhe um
olhar novo que o conduzem ao encontro
com Deus, que o torna capaz de assumir seu papel de libertador.
“Vendo Jesus que ia passando, apontou: ‘Eis o
Cordeiro de Deus’ Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus.
Jesus virou-se para trás, e vendo os
dois discípulos, perguntou: ‘O que vocês estão procurando?’ Eles disseram:
‘Mestre onde moras?’ Jesus respondeu: ‘Vinde
e vedes’ (João 1,36-39).
A
dança dos olhares si encarna em Jesus de Nazaré. Sua presença cativa o olhar de
João Batista que aponta e o torna capaz de deixar espaço ao Cordeiro de Deus. O
apontar cativa os olhares de André e João. Olhar tão profundo que move Jesus a
voltar-se e ver, a convidar: vinde e vedes. Olhar que transformou suas vidas:
foram e viram.
Ver
que se torna experiência de vida, que si torna discipulado, que gera a corrente
das testemunhas Daquele que realiza os sinais de vida: André e seu irmão Pedro;
Filipe e o amigo Natanael; Samaritana e seu povo (João 4,28-30).
“... Queremos ver Jesus. Filipe
falou com André; e os dois foram falar com Jesus.” (João 12,21-22).
Ver,
morar com Jesus, olhar ser olhado por Ele. Apreender com Ele a olhar dentre de
si para se conhecer: Ele me disse quem eu
sou, falou a Samaritana a seu povo e eles foram e viram. Apreender com Ele
a olhar a realidade da falta de vinho, da fome, da insegurança, da doença que
cega e aliena gerando morte. Caminhar com Ele deixando-se transformar pelo seu
olhar que revela e ao revelar transforma e aponta o jeito de transformar os
sinais de morte em sinais de vida.
Olhares que se encontram: despertar, reconhecimento. Olhares que penetram fundo dentro de nós marcam e transformam a vida. Olhares que convidam a entrar na corrente das testemunhas que anunciam a presença de Jesus de Nazaré. Olhares que nos pedem de ver, conhecer, seguir, assumir a missão de realizar seus sinais de vida, hoje.
Olhares que se encontram: despertar, reconhecimento. Olhares que penetram fundo dentro de nós marcam e transformam a vida. Olhares que convidam a entrar na corrente das testemunhas que anunciam a presença de Jesus de Nazaré. Olhares que nos pedem de ver, conhecer, seguir, assumir a missão de realizar seus sinais de vida, hoje.
1. Ler
Êxodo 3,1-6, perceber o itinerário de Moises no deserto.
2. Ler
João 1,35-51, contar quantas vezes o verbo ver
e olhar estão presentes no texto e perceber a ação que acompanha estes
verbos.
3. Como
estes itinerários falam à sua vida?
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