terça-feira, 25 de março de 2014

CAMINHAR PARA PÁSCOA - A OLHAR QUE MARCA E TRANSFORMA

Por Tea Frigerio

Olhares que se encontram. Olhares que marcam e transformam a vida. Assim foi para Moises, assim foi para André, João e Natanael. Ver, conhecer, seguir, assumir a missão.
O verbo ver marca o processo de maturação de Moisés (Ex 2,11.12.13.15). Criado na corte tem o olhar cego à semelhança do Faraó. Necessita sair da corte e conhecer o destino de seus irmãos, como mais tarde Elias, sob o olhar do Senhor saiu da corte para tornar-se profeta. Sair da corte e ir ao meio do povo: ver e conhecer. O que vê? Vê uma vida que deveria ser bonita, mas é embrutecida pela ambição cega do poder.
Olhar necessita purificar-se para passar ao ver, conhecer para mover-se a compaixão.
“... Conduzia as ovelhas para além do deserto e chegou ao Horeb, a montanha de Deus. O Anjo de Iahweh lhe apareceu numa chama de fogo... Moisés olhou... darei uma volta, verei este fenômeno... Viu Iahweh que ele deu meia volta para ver. E Deus o chamou do meio da sarça. Disse: ‘Moisés, Moisés.’ Este respondeu: ‘Eis-me aqui.’ ... Moisés cobriu o rosto, porque temia o olhar de Deus(Ex 3,1-6).

Olhos de visão, de querer ver mais, de querer conhecer. Visão que desinstala, que faz sair da rotina, do caminho traçado e conhecido, que desperta a curiosidade, que leva à montanha sagrada, que acorda a memória histórica, que reencontra o Deus dos antepassados.
Olhos que aprendem a ver e contemplar o mistério da vida. Olhos purificados na contemplação do fogo que arde, mas não consome e no amor encontrar a força de libertar-se para assumir a missão de libertar.
Olhares que se encontram e preparam Moisés a olhar a sarça que arde, mas não se consome. O fogo de Deus purifica os olhos de Moisés dando-lhe um olhar novo que o conduzem ao encontro com Deus, que o torna capaz de assumir seu papel de libertador.

Vendo Jesus que ia passando, apontou: ‘Eis o Cordeiro de Deus’ Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. Jesus virou-se para trás, e vendo os dois discípulos, perguntou: ‘O que vocês estão procurando?’ Eles disseram: ‘Mestre onde moras?’ Jesus respondeu: ‘Vinde e vedes(João 1,36-39).
A dança dos olhares si encarna em Jesus de Nazaré. Sua presença cativa o olhar de João Batista que aponta e o torna capaz de deixar espaço ao Cordeiro de Deus. O apontar cativa os olhares de André e João. Olhar tão profundo que move Jesus a voltar-se e ver, a convidar: vinde e vedes. Olhar que transformou suas vidas: foram e viram.
Ver que se torna experiência de vida, que si torna discipulado, que gera a corrente das testemunhas Daquele que realiza os sinais de vida: André e seu irmão Pedro; Filipe e o amigo Natanael; Samaritana e seu povo (João 4,28-30).
“... Queremos ver Jesus. Filipe falou com André; e os dois foram falar com Jesus.” (João 12,21-22).
Ver, morar com Jesus, olhar ser olhado por Ele. Apreender com Ele a olhar dentre de si para se conhecer: Ele me disse quem eu sou, falou a Samaritana a seu povo e eles foram e viram. Apreender com Ele a olhar a realidade da falta de vinho, da fome, da insegurança, da doença que cega e aliena gerando morte. Caminhar com Ele deixando-se transformar pelo seu olhar que revela e ao revelar transforma e aponta o jeito de transformar os sinais de morte em sinais de vida.
Olhares que se encontram: despertar, reconhecimento. Olhares que penetram fundo dentro de nós marcam e transformam a vida. Olhares que convidam a entrar na corrente das testemunhas que anunciam a presença de Jesus de Nazaré. Olhares que nos pedem de ver, conhecer, seguir, assumir a missão de realizar seus sinais de vida, hoje.

1.     Ler Êxodo 3,1-6, perceber o itinerário de Moises no deserto.
2.    Ler João 1,35-51, contar quantas vezes o verbo ver e olhar estão presentes no texto e perceber a ação que acompanha estes verbos.
3.    Como estes itinerários falam à sua vida?

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