CEBI - PA
O grupo de mulheres
da Casa Trapiche se reuniu para refletir o tema “O olhar que supera”, o
encontro deu destaque a superação da culpa a partir da leitura do texto bíblico
de Lucas 13, 10-17. O texto aponta a passagem em que Jesus cura uma mulher encurvada.
Vamos metaforizar o termo “encurvada” para recordar que no tempo de Jesus a
mulher carregava o peso do sistema patriarcal no qual saia da manipulação do
pai indo direto para a do marido e filhos. A mulher encurvada tinha a visão do
chão, da ralé, da escória, sentia sob o seu corpo o peso da opressão, da
discriminação, do desrespeito, era alvo do patriarcalismo que hoje - cada vez
menos - vê a mulher com inferioridade.
Jesus liberta aquela mulher não do
demônio, mas dos seus dezoito anos de sofrimento. A leitura nos convoca a trazer a
reflexão para os dias atuais.
Dezoito
anos curvados significa um período da vida em que se vive de acordo com as
crenças de fora, com o que a realidade em volta sugere, em conformidade com o sistema,
com a sociedade, com as imposições, enxergando sem olhar, incapaz de
interpretar a própria luz, distanciada da fonte que chamamos Deus. É um tempo
em que se passa inteiramente ligada ao ego, aos sentimentos criados no mundo
que nos submete às suas doenças, o medo, o ódio, a tristeza, a depressão. Dezoito
anos encurvada é um tempo infeliz, doentio, improdutivo, sem liberdade para
caminhar levemente, um tempo em que se olha para baixo, para a dor, para a
morte, para a incapacidade de acolher com verdade o punhado de luz que Jesus veio
nos conceder. Ele nos concede um punhado de luz que é feito semente que deve
ser semeada por cada um e cada uma. Jesus nos inicia no caminho da cura nos trazendo para uma nova consciência, nos libertando da dor. Somos nós quem devemos manter e
nutrir esse estado saudável, pleno e iluminado.
A mulher desperta está erguida, ela pode olhar para
cima e ao redor de si, está alinhada com todas as individualizações (seres
vivos), é consciente de seus obstáculos e não teme a vida,
ela simplesmente passa pelas situações e sente-se em paz consigo mesma pois, aprendeu a
lidar com a verdade. A mulher erguida está em constante estado evolutivo da
maneira como Jesus a inspira. Ela está adormecida ou em estado de redenção em nós.
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