1. Categoria de gênero
A sociedade é um tecido de relações: sociais,
geracionais, étnicas, classe e gênero. Elas são relações construídas
determinando papeis e atitudes. As relações de gênero masculino e feminino são
uma conceituação que cada grupo social elabora determinando o papel a ser
ocupado pela mulher e pelo homem na sociedade e as atitudes a serem vividas.
Entendemos como consciência de gênero a
capacidade de entender o ser mulher - homem dentro dos parâmetros
sócio-culturais e as relações pre-costituidas.
2. Leitura histórica a partir da perspectiva da mulher
A história oficial é his-tory, quer dizer
história de homens vencedores, ricos e brancos. As mulheres sobrevivem, melhor
são silenciadas e anuladas, quando muito se fala “atrás de um grande homem há
uma grande mulher”’. Esta maneira de fazer história é também arraigada na
bíblia e presente nas nossas igrejas. Esta tradição marcou a historia da
exegese, da teologia, enfim nossa historia de fé é historia patriarcal.
Valem por isso também aqui os três verbos:
descontruir – nomear – reconstruir.
3. Teologia e Espiritualidade da mulher
Nosso corpo de mulher nos faz sentir Deus de
outro modo. Todo nosso ser fala de Deus: Ele tem entranhas, tem útero, tem
seios... Cuidados maternais, gratuidade, fidelidade... Força criadora e
regeneradora...
Nosso corpo de mulher fala da Deusa.
Nosso corpo de mulher nos desafia a nomear a
Deusa, a encontrar a Palavra que revela a Deusa e a espiritualidade que nos
deve sustentar em dar à luz relações novas entre mulheres, mulheres e homens,
humanidade e a criação, mulheres e homens com o transcendente.
É construtivo reler criticamente o mundo
simbólico da mulher a partir da realidade cotidiana.
4. Autoridade Bíblica
O texto é um tecido. Tecido urdido a muitas mãos e com
fios coloridos. O texto é um corpo que se encontra com os nossos corpos. Vida
que se encontra com as nossas vidas.
Dois corpos que se encontram: o corpo das mulheres e o
corpo que é o texto bíblico. Dois corpos que perguntam que querem se tocar,
toques e perguntas amorosas, mas também tristes.
É a partir disso que nasce a interrogação sobre
autoridade bíblica. Pergunta que se encontra com uma certeza: a vida é sagrada.
A reconstrução das relações no cotidiano, reconstrução
dos corpos que se encontram é um dos coloridos da nova espiritualidade: a
divindade que se revela como dádiva nas relações dos corpos e dos
corpos-textos.
Autoridade bíblica que se revela nas múltiplas
relações que tecem a vida, que assume a defesa da vida como sagrada.
Liberdade de encontrar a autoridade bíblica nos nossos
corpos e nas nossas relações cotidianas e políticas em defesa da vida.
Liberdade de dar respostas parciais, que são luzes ao hoje, mas que amanhã
podem ser iluminadas ulteriormente.
Liberdade
de recriar, reescrever, festejar, celebrar os textos bíblicos para encontrar o
sagrado em nossa vida cotidiana e política
Nenhum comentário:
Postar um comentário