quarta-feira, 4 de junho de 2014

Instrumentais para trabalhar os cinco passos da Leitura Feminista da Bíblia




1.      Categoria de gênero

A sociedade é um tecido de relações: sociais, geracionais, étnicas, classe e gênero. Elas são relações construídas determinando papeis e atitudes. As relações de gênero masculino e feminino são uma conceituação que cada grupo social elabora determinando o papel a ser ocupado pela mulher e pelo homem na sociedade e as atitudes a serem vividas.
Entendemos como consciência de gênero a capacidade de entender o ser mulher - homem dentro dos parâmetros sócio-culturais e as relações pre-costituidas.

2.      Leitura histórica a partir da perspectiva da mulher

A história oficial é his-tory, quer dizer história de homens vencedores, ricos e brancos. As mulheres sobrevivem, melhor são silenciadas e anuladas, quando muito se fala “atrás de um grande homem há uma grande mulher”’. Esta maneira de fazer história é também arraigada na bíblia e presente nas nossas igrejas. Esta tradição marcou a historia da exegese, da teologia, enfim nossa historia de fé é historia patriarcal.
Valem por isso também aqui os três verbos: descontruir – nomear – reconstruir.

3.      Teologia e Espiritualidade da mulher

Nosso corpo de mulher nos faz sentir Deus de outro modo. Todo nosso ser fala de Deus: Ele tem entranhas, tem útero, tem seios... Cuidados maternais, gratuidade, fidelidade... Força criadora e regeneradora...
Nosso corpo de mulher fala da Deusa.
Nosso corpo de mulher nos desafia a nomear a Deusa, a encontrar a Palavra que revela a Deusa e a espiritualidade que nos deve sustentar em dar à luz relações novas entre mulheres, mulheres e homens, humanidade e a criação, mulheres e homens com o transcendente.
É construtivo reler criticamente o mundo simbólico da mulher a partir da realidade cotidiana.

4.      Autoridade Bíblica

O texto é um tecido. Tecido urdido a muitas mãos e com fios coloridos. O texto é um corpo que se encontra com os nossos corpos. Vida que se encontra com as nossas vidas.
Dois corpos que se encontram: o corpo das mulheres e o corpo que é o texto bíblico. Dois corpos que perguntam que querem se tocar, toques e perguntas amorosas, mas também tristes.
É a partir disso que nasce a interrogação sobre autoridade bíblica. Pergunta que se encontra com uma certeza: a vida é sagrada.
A reconstrução das relações no cotidiano, reconstrução dos corpos que se encontram é um dos coloridos da nova espiritualidade: a divindade que se revela como dádiva nas relações dos corpos e dos corpos-textos.
Autoridade bíblica que se revela nas múltiplas relações que tecem a vida, que assume a defesa da vida como sagrada.
Liberdade de encontrar a autoridade bíblica nos nossos corpos e nas nossas relações cotidianas e políticas em defesa da vida. Liberdade de dar respostas parciais, que são luzes ao hoje, mas que amanhã podem ser iluminadas ulteriormente.
Liberdade de recriar, reescrever, festejar, celebrar os textos bíblicos para encontrar o sagrado em nossa vida cotidiana e política

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